"A cozinha é o mundo mais fascinante da casa, o mais coletivo. Um espaço que reúne sobrevivência, prazer, refinamento e civilização." (Nélida Piñon)

sábado, 22 de setembro de 2012

Mistura 2012 - Gran Mercado, Lima e Gastón Acurio, para finalizar

No  Gran Mercado havia degustação e venda de produtos agrícolas e artesanais. Ah, se eu pudesse trazer tudo na bagagem.....



Os Alfeniques são doces feitos a base de rapadura, erva doce e suco de limão. São fervidos até o ponto de bala, depois esticados e puxados repetidas vezes. São famosos os da região de Lambayeque.


Chifles de Plátano e e Chifles de Camote (chips de banana e um tipo de batata doce de cor laranja)


Aqui começam as exposições de produtos da Amazônia Peruana. Creio que com muitas semelhanças com a nossa Amazônia.....




Encontramos lá Paiche (o nosso pirarucu), palmitos, castanhas, mandiocas, bananas, milho e claro, o Suri......



Pajuro ou Frejol de Arbol (Feijões Gigantes) e Camu Camu

Babaco e Challarina


Aguaje - desta fruta se faz o refresco "aguajina", sorvetes, doces e geléias. No Brasil é conhecida como Buriti.

Mais algumas variedades de batatas com o interior roxo vivo, a cúrcuma e ao lado esquerdo, no saquinho amarelo, dois "deliciosos" exemplares de "Suri".
Suri é a larva de um besouro(diga-se de passagem, um besourão) que vive em troncos de palmeiras em decomposição. Gordurosa, é temperada com sal, alho e saboreada sob a forma de espetinhos ou aquecidas até ficarem torradinhas em madeiras em brasa (ou uma fritada).
É a comida prá lá de exótica que eu dispenso.
Os indígenas acreditam que tem poderes medicinais milagrosos e atribuem ao Suri a cura de gripes, problemas renais, hepáticos, asma e até impotência.



Encontrei no Youtube um vídeo para se ter uma noção da "criatura"....

A simpatia contagiante do povo peruano!

Se você pesquisar sobre quantos tipos de batata existem no Peru, vai chegar num número que varia de 3000 a 5000. Oficialmente não consegui descobrir qual o número correto, mas, para quem está acostumada com a holandesa,  monalisa, bolinha, doce e asterix, ver uma banca com uma gama maravilhosa de formas, tamanhos e cores, é de encher os olhos. 
Na região de Cuzco, ao sul do Peru, existe uma ONG que apoiou um projeto de algumas comunidades indígenas Quéchua e criou o Parque de la Papa (Parque da Batata) que visa preservar e catalogar as variedades.
Para se ter uma idéia da importância do tubérculo na alimentação deles, o governo peruano instituiu como dia 30 de maio o Dia Nacional da Batata, comemorada com festas e tudo o que se tem direito.
 




 
 

A Maca é mais um tubérculo que cresce nos Andes Peruanos (se parece com um rabanete grande e amarelo). A criatividade na confecção deste churro foi louvável, pois o resultado, sequinho e com sabor divino, foi impossível comer um só....


"Sacha Inchi" é uma oleaginosa típica da região amazônica peruana e é chamada como amendoim dos incas.
Encontramos em estado natural, torrada e salgada, creme e azeite.
É considerado o melhor óleo comestível do mundo, pelas propriedades nutricionais.
Nesta foto também a Physalis.

Produtos da Serra....queijos, presuntos e embutidos.


Algumas das 35 variedades de milho.






Chocolates.....


Pães



 


No espaço dedicado ao pisco e ao café, dezenas de drinks e coquetéis com a bebida nacional.

 


1.000 garrafas de marcas diferentes de pisco.

No  "Rincón del Pan" padeiros de todo país se reuniram para amassar, modelar assar e servir mais de 50 variedades de pães. 
Entre elas pães de batata, trigo, milho, queijo, erva doce, quinua, chancaca (rapadura), além das variedades típicas: Chuta, Tres puntas, Chapla, Wawa, Semita.
No concurso de pães, o vencedor foi a original receita de um pão de pisco sour!
 



Havia um grande auditório em que chefs peruanos e estrangeiros palestravam e alguns até apresentavam receitas. A brasileira Roberta Sudbrack abriu o evento (mas eu não a vi, infelizmente). Na plateia, havia principalmente estudantes de gastronomia e jornalistas de várias partes do mundo. Fiquei sabendo que outro Chef brasileiro, Rodrigo Oliveira, do Mocotó, também esteve por lá.




Fonte: RPP/Créditos: Diane Mora Quispe

Eu já comentei quando estive pela primeira vez no Peru, há 2 anos, que fiquei impressionada sobre o uso do Cuy na alimentação. O nosso Porquinho da India,  bichinho de estimação, continua sendo a estrela em pratos premiados da feira.
Respeito a tradição Inca, mas me recuso a comer. Não me perguntem o gosto.
O prato acima é "El mejor Cuy Chactado"  de La Benita Arequipeña.
Cuy
Fonte da Imagem


Sobre Lima

Lima, na costa do pacífico, é um lugar para se comer muito bem, e para os padrões paulistanos, barato.
Um almoço para 3 pessoas, por exemplo, num restaurante do bairro Barranco, com vista para o mar maravilhoso do pacífico, incluindo ceviche, lulas a doré (chicharrones de calamar), vários piscos sour, parrilada de mariscos (uma tábua com camarões, polvos, lulas e vieiras na brasa) e cervejas saiu em torno de R$ 40 (reais) por pessoa. Com certeza se gasta isso numa boa pizzaria do meu bairro. 
 
 

Bairro Gastronomico-Boêmio de Lima - Barranco.
Reza uma lenda que quem atravessa a ponte ao fundo sem respirar e fazendo um desejo, terá ele atendido.
Verdade ou não, o meu foi atendido!!
Preciso voltar lá para fazer mais alguns.....


El Puente de Los Suspiros.....vista de baixo


A Noite
 Barranco
 Costa Verde  
Mais um prato típico, o Lomo Saltado, no Restaurante Café Café do Shopping Larcomar.
São tiras de carne bovina com cebolas, pimentões, "ajis", servidos com fritas e arroz.


Um giro por Lima.....Plaza de Armas, Centro histórico.
Catedral de Lima
 Palácio do Governo Peruano, na mesma praça.


Todos os dias, próximo ao meio dia, há uma cerimônia de troca de guarda presidencial. Muito bacana.



  
Bem pertinho da Plaza de Armas, há o Convento de San Francisco. Tem um Museu com visita monitorada (S/.7) com explicações sobre história, arquitetura, obras de arte (a biblioteca é uma coisa de louco - me senti em filme de Harry Potter!) e o clímax do roteiro é uma visita as catacumbas subterrâneas (passagens escuras estreitas de pedras e terra onde existem ossos de 10.000 pessoas.). Não indicado para claustrofóbicos e medrosos, pois vai ter osso humano organizado assim lá em Lima.....(não tem fotos porque não é permitido).
Os antigos moradores limenhos acreditavam que se fossem enterrados abaixo da Igreja, por ser um local "santo", chegariam mais rápido ao céu.
No altar da Igreja tem uma passagem que levava os corpos direto as catacumbas.

O Parque das Águas é um passeio imperdível no final de tarde, começo da noite. Muitas fontes de todos os tamanhos e formas. Algumas os visitantes interagem, como o túnel de água ou o labirinto.Foi um passeio mega-divertido!


 Foto tirada de dentro do labirinto!
O labirinto funciona assim: Os jatos de água cessam. Você entra e escolhe um ponto. Daí a sorte de saber de onde vão sair os jatos e quais corredores internos dá para andar sem se molhar. Muito legal. O pessoal já leva uma troca de roupa e tem vestiários para os "azarados" se trocarem.
 
 Pelo tamanho dos bancos, dá prá se ter uma noção do tamanho desta fonte?

 
Em cada fonte há sistemas de som que tocam ou música clássica, ou música peruana, em perfeita sintonia com a dança de águas.
 Noivas e debutantes de Lima usam o parque como cenário para suas fotos.
Estádio Nacional de Lima, onde na véspera estava lotado para a partida pelas eliminatórias da Copa. Peru x Argentina. Foto tirada do Parque das Águas. Torcemos como nunca em blanco y rojo!
 
A convite dos meus queridos afilhados peruanos (José e Vanessa), motivo de minha segunda viagem ao Peru o ano passado, fomos conhecer o restaurante Madam Tusan, do ícone gastronomico peruano, Gastón Acurio.
Gastón tem vários restaurantes em Lima: o Astrid y Gastón (alta cozinha), La Mar (Ceviches) - que inclusive existe uma filial em São Paulo, para sorte nossa, o Tanta (Bistrô), o Chicha (comida regional peruana), Panchita (Cozinha Criolla), Los Bachiche (italo-peruana) e o Madam Tusan (china-peruana).
A gente já entra encantado com a decoração. Um imenso dragão vermelho no teto é magnífico.


Uma combinação perfeita entre os sabores da china e peru. De longe é o melhor restaurante de comida chinesa que já provei.



E quem é Gastón Acurio?
Um limenho de 45 anos que um dia foi a Madri estudar Direito e descobriu que sua vocação era a cozinha. Estudou então em Paris na Le Cordon Bleu onde conheceu sua esposa, a alemã Astrid.
Voltaram a Lima e em 1994 abriram o Astrid y Gastón onde começaram a recuperar os pratos peruanos, frente a moda da cozinha francesa (e que hoje tem filiais no Chile, Colômbia, Equador, Venezuela, Espanha, México e Argentina).
Foi a primeira pedra de um conglomerado empresarial de mais de 40 restaurantes espalhados nas principais capitais do mundo que fatura mais de 100 milhões de dólares, conta com 3.500 empregados e tem como objetivo colocar a cozinha peruana entre as top do mundo.
Em abril, o restaurante Astrid y Gastón situado em Lima obteve posição 35 na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo.
"No meu caso a responsabilidade é enorme. Você percebe que não é o triunfo de apenas uma pessoa, e sim do país que ela representa", reconhece o Chef.
Não é nenhum ataque de ego, mas sim a realidade do efeito Acurio, que transformou Lima em uma das cidades do mundo com mais escolas de cozinha e mais aspirantes a chef. É um ídolo que, consciente de seu carisma, não duvida em promover iniciativas culinárias para ajudar a sociedade, como um projeto de carrinhos de comida de rua para mulheres sem recursos.
"Nunca se deve acreditar nos elogios. Se você acredita, você se torna dono da verdade, onipresente e infalivel. Há que saber escutar as críticas", argumenta.
Gastón ainda patrocina um Instituto de Cozinha (Instituto de Cozinha Pachacutec) na periferia mais carente de Lima, cujo lema é “Todos podem ser cozinheiros”. Com uma mensalidade simbólica de aproximadamente 50 reais (ele acredita que o que é totalmente gratuito não funciona), o aluno aprende além de gastronomia, a valorizar os produtos de sua terra, como a lúcuma, atuns, limões, batatas, quinuas, ervas e tubérculos. E já anunciou projetos que vão levar o mesmo molde de educação profissionalizante a todas as regiões do país.
 
“Que sentido tiene la gastronomía peruana, sino puede contribuir al desarrollo del Perú, que sentido tiene una gastronomía peruana conviviendo con desnutrición, hambre y desigualad de justicia, no tiene sentido”.

Fala se não é para se apaixonar por um Chef desse??


Fontes: Peru y Mund
           El.Comercio.pe
           Expansion.com



E para encerrar, mais alguns flashes de Lima, uma cidade encantadora! 


Final de tarde fria pede chocolate espesso com churros sequinhos e crocantes no Manolo (Av. Jose Larco, Miraflores)
 



 Mirabus em Miraflores para tours pela cidade.
 
 Recado na porta de Igreja....
 
 
 
 Apenas um dos centros de venda de artesanato em Miraflores.
 

11 comentários:

  1. Quanta coisa linda e colorida, a cara do Peru!!
    Impossível mostrar poucas fotos, quando se tem tanta coisa bacana pra divulgar, não é mesmo?
    Beijos!

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    1. É verdade, Gina....
      Tem muita coisa mesmo e sabe que eu ainda saí de lá exausta de tanto andar, e com a consciência pesada de ter deixado ainda tanta coisa para conhecer.
      Beijinhos

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  2. oi minha amiga, fico louca aqui com essas suas fotos, meu Deus quanta variedade, vontade de provar tudo, menos a tal larva, que eu dispenso, por favor!
    Fiquei encantada,você sabe me dizer se essa feira acontece sempre na mesma época todos os anos? sim, porque eu tenho uma passagem SP/Lima precisando de ser marcada, e já queria deixar programada pro ano que vem, afinal não vou perder esse espetáculo de jeito nenhum!

    Obrigada, eu estou felicíssima nesta noite de domingo, amei!

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    1. Rê...a feira sempre acontece no mês de setembro. A cada ano tem um país convidado e ouvi dizer que ano que vem será o Brasil. Tentarei estar lá também.
      Acho que se você pedir informações do site da APEGA, já devem informar as prováveis datas do próximo evento, que será num espaço ainda maior.
      Beijão, querida!

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    2. Esqueci de te passar o site.
      www.apega.pe

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  3. Taninha, amei este post. Por onde começar? Pela história do hef. Com certeza este moço veio con uma missão maior. Estou encantada de saber sobre seus projetos, restaurantes, tipo de comida que faz. Quando estive em brasília em junho uma amiga me chamou para ir a um restaurante peruano bem conceituado, mas o tempo foi pouco. Preciso remediar isso quando for em dezembro. Adore passear na feira contigo - tantas coisas...se houve falar muito mesmo nas variedades de batatas e milhos do Peru. Bacana ver em foto. No aspecto fun adorei as fontes de Lima. Adoro água e juntá- se isso ao lúdico...perfeito. Boa semana.

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    1. Valentina querida! Preciso aprender ainda muito sobre fotos contigo. As melhores da postagem são da Naty.
      Ainda não fui no La Mar de São Paulo, mas certamente deve ser tão boa quanto a matriz de Lima. Quem sabe corrigimos isso juntas, não?
      Beijão

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  4. Literalmente uma viaje gastronomica. obrigada por compartilhar conosco. Boa semana!

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    1. Teresa....fico imaginando uma feira destas aqui no Brasil. Acho que estamos ficando para trás nesse quesito...infelizmente.
      Bjos

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  5. Clap, clap, clap (sou eu, aplaudindo! rsrs). Que post fabuloso, viajei com você e vi tudo o que você viu neste evento! rsrs. Sempre me perguntei sobre a razão de não cultivarmos aqui os milhos e outros vegetais encontrados nos países vizinhos, pois o solo dos estados fronteiriços não pode ser tão diferente, né?
    Já tinha lido sobre a tal larva, suri e tomando conhecimento agora agora sobre as propriedades medicinais atribuídas a ela, já fiquei com a convicção de jamais prová-la 'balançada', rsrs. Os porquinhos da índia eu dispensarei sempre, rsrs. Os alfeniques são feitos como os nossos alfenins (ou balas de coco) mas tem ingredientes diferentes, rsrs.
    Adorei o post e fiquei doida para provar todas as delícias mostradas, rsrs.

    Beijo e boa noite.

    Ah, que bom que o bolo tenha agradado, obrigada por me fazer saber disso, rsrs.

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  6. Tania:
    ia começar meu comentário com o som dos aplausos, como a Marly aqui de cima!
    Bom, tá dado o recado do som, rsrs...
    Lindo, lindo, lindo!
    Show, show, show!
    Quanta cultura, quantas cores, quantas peculiaridades dos peruanos!
    Amei!
    Obrigada por compartilhar um pouquinho de sua viagem!

    Bjinhus,
    Sandra Bylaardt

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